sábado, 21 de setembro de 2013
ROCK IN RIO 2013 John Mayer supera gritos de fãs e faz show de atração principal/ Mário Barra Do UOL, no Rio
Entre gritos e lágrimas do público feminino, o músico e compositor John Mayer fez sua estreia no Rock in Rio neste sábado (21), aquecendo o Palco Mundo para o show de Bruce Springsteen no penúltimo dia do festival. Mayer se apresentou por cerca de 1h15, logo depois de Phillip Phillips e Skank.
Antes mesmo da música começar, o som já era ensudercedor para quem estava perto da grade por causa dos gritos das fãs do artista norte-americano, que coleciona prêmios Grammy (foram sete até hoje) assim como namoradas famosas (entre elas as atrizes Jessica Simpson e Jennifer Aniston e as cantoras Taylor Swift e Katy Perry).
Com uma faixa azul na cabeça, Mayer passou pelo menos a primeira música inteira ouvindo esses berros histéricos. Mas o semblante do artista não podia ser mais diferente do rosto das fãs chorosas: calmo, sorridente e batendo palmas para o público, o músico começou seu repertório com as músicas "No Such Thing" -- que em São Paulo contou com o reforço das crianças e adolescentes da ONG Meninos do Morumbi -- e "Wild Fire".
Mesmo ainda distante de pilares do blues e rock norte-americano como Eric Clapton, artista com o qual já tocou, ou mesmo o sucessor da noite, Bruce Springsteen, Mayer mostrou no Rio de Janeiro o motivo pelo qual é conhecido além de suas namoradas famosas -- a atual é a cantora pop Katy Perry. Com letras maduras e inclinadas à tradição norte-americana em músicas confessionais, o cantor apresentou um show que poderia ser o principal em algum festival pelo mundo -- se não pela fama, pelo menos pelo talento.
No palco, Mayer se portou um músico competente, com um bom domínio do violão e da guitarra e um talento único para reproduzir parte da música norte-americana em suas canções, muito influenciadas pelo blues e a country music. Durante os solos de guitarra na faixa "Queen of California", Mayer brincou com a plateia ao passar os dedos pelas cordas do instrumento como se fizessem parte de um baixo, sem perder o ritmo.
A apresentação trouxe diferentes climas, que foram desde a calmaria de canções como "Daughters" e "Dear Marie" até a euforia dos solos extensos do músico, que já fez covers de Jimi Hendrix em show anteriores, talvez buscando o mesmo tipo de inspiração que tomava conta do mito.
A metade final do setlist, por apresentar um número maior de hits, é a que mais inspirou o público a cantar junto -- Johh Mayer até brecou uma parte cantada para deixar o público se expressar sozinho. É também no final que as faixas mais comuns do artista surgem como "Why Georgia" e "Stop This Train", esta última após atender ao pedido da plateia.
Quase "headliner"
Na comparação com os shows anteriores do festival, a apresentação do norte-americana lembra muito a da conterrânea Alicia Keys, tão talentosa quanto Mayer, e que foi escalada para realizar o show de abertura para a atração principal daquele noite, Justin Timberlake.
Não que ambos não fossem capazes de se apresentarem como "headliners" do evento, mas o ritmo menos agitado das músicas e o clima romântico que emprestaram à atmosfera do Palco Mundo parecem destoar do que oferecem shows mais agitados dos demais artistas que encerraram ou vão encerrar os dias do Rock in Rio.
Ambos são artistas já consagrados, com diversos Grammys colecionados, ótimos cantores e músico, cada um com seu instrumento. A semelhança ocorre até mesmo no perfil de cada um no palco, mais discreto do que o corre-corre de Springsteen ou as trocas de roupas incessantes de Beyoncé.
Somente o fanatismo da plateia era um pouco diferente. John Mayer é mais hipnótico para a grande parcela feminina que se apertava na linha de frente do público, arrancando mais gritos pela aparência de galã do que aplausos por sua performance como artista. Coros de "I love you" e "John Mayer, John Mayer", além de cartazes com mensagens ao cantor não foram raros, mostrando um comportamento mais observado no universo de fãs de sua namorada -- o que poderia até servir como justificativa para defender a presença do artista como última atração de um festival.
Neste sexto dia de Rock in Rio, Bruce Springsteen é a atração mais esperada do Palco Mundo. Já o Palco Sunset abriu espaço para os encontros de Orquestra Imperial e Jovanotti, Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá, Ivo Meirelles, Fernanda Abreu e Elba Ramalho e, por último, Gogol Bordello e Lenine -- que também fez uma apresentação solo.
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