"Agora temos um Estado", disse Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), em discurso aos palestinos ao chegar em Ramallah, na Cisjordânia, sede do governo da ANP, neste domingo (2). "A Palestina conseguiu algo histórico nas Nações Unidas. A mensagem foi clara. Não estamos sós. O mundo está conosco, e Deus todo-poderoso também", acrescentou.
Abas foi recebido com um tapete vermelho na entrada para o Muqataa, sede do governo palestino. Milhares de palestinos recebem o presidente Mahmoud Abbas em sua chegada de Nova York, onde na quinta-feira obteve o reconhecimento da Palestina como Estado observador da ONU.
O líder palestino foi recebido em um ambiente de festa e com centenas de bandeiras palestinas, em uma praça repleta de militantes de todas as facções, muitos deles com cartazes com sua imagem e a do falecido presidente Yasser Arafat.
Tensão entre palestinos e israelense
A Palestina obteve na quinta-feira o status de Estado não membro da ONU, em uma decisão que contou com o apoio de 138 Estados, apesar da oposição dos Estados Unidos e de Israel, que respondeu anunciando o projeto de construir 3.000 novas casas nos assentamentos da Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Em seu discurso, Abbas também defendeu reiniciar o processo de reconciliação entre os palestinos, em referência a uma possível reconciliação entre o Hamas e o partido Fatah, de Abbas. "Já nos próximos dias vamos examinar as medidas necessárias para conseguir essa reconciliação entre as tendências palestinas", disse.
Israel rejeita reconhecimento da Palestina
O Conselho de Ministros de Israel, presidido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, adotou neste domingo (2) uma resolução oficial de rejeição ao reconhecimento da Palestina pela ONU como Estado observador.
"Rejeitamos a resolução 67/191 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 29 de novembro de 2012", diz o artigo 1º do texto aprovado de forma unânime pelos ministros do governo israelense.
Na primeira reunião desde que a Assembleia Geral concedeu o status de Estado não membro à Palestina em uma histórica votação na quinta-feira, os ministros israelenses defenderam "o direito natural, histórico e legal do povo judeu a sua terra e a sua capital eterna, Jerusalém".
"O Estado de Israel, como Estado do povo judeu, tem o direito de reivindicar os territórios em disputa na Terra de Israel", acrescenta o texto.
Os ministros israelenses resolveram rejeitar tanto o conteúdo geral da resolução internacional como suas possíveis consequências legais e políticas, entre elas a de que possa servir de marco para futuras negociações de paz.
A ONU reconheceu ao povo palestino o direito à autodeterminação e à independência "nas fronteiras de 1967", uma formulação que o governo de Netanyahu considerou inválida.
"A resolução da Assembleia (...) não concede nenhum direito (aos palestinos) na Terra de Israel, nem os tira do Estado de Israel e do povo judeu", diz o ponto 3.
Em seu habitual pronunciamento ao inaugurar a sessão semanal do governo, Netanyahu insistiu nas ideias que apresentou na última semana - de que os palestinos cometeram uma "flagrante violação" dos Acordos de Oslo ao comparecerem à ONU na busca de reconhecimento, e afirmou que não será criado um Estado palestino "sem um acordo que garanta a segurança dos israelenses".
"Não será criado um Estado palestino até que Israel seja reconhecido como o Estado do povo judeu e (..) até que os palestinos não declarem o final do conflito (com Israel)", proclamou.
Na sexta-feira, em uma primeira reação à votação na ONU, Israel aprovou a construção de 3 mil novas casas em territórios ocupados desde 1967, e hoje Netanyahu declarou que Israel continuará construindo "em Jerusalém e em qualquer lugar que estiver dentro do mapa de interesse estratégico de Israel".
A declaração israelense, que tem a validade de qualquer outra decisão do governo, aconteceu enquanto milhares de palestinos esperavam em Ramala o presidente Mahmoud Abbas, que hoje voltou à região recebido pelo entusiasmo de seu povo. (Fonte uol)
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