sábado, 10 de agosto de 2013

Filme Até a Eternidade (Les Petits Mouchoirs, 2010)







De Lucas Salgado

Até a Eternidade começa com um belíssimo plano-sequência em que acompanhamos Ludo (Jean Dujardin) por um longo período. Ele se diverte um pouco em uma boate e decide que é chegada a hora de ir embora. Pega sua moto e vaga pelas vazias ruas de uma Paris prestes a despertar. Até que sofre um acidente. A construção da cena é exuberante, fazendo com que o espectador fique ligado no filme desde o início. Como forma de marcar o acidente, que tem importante função da história, a produção faz questão de abandonar as sequências sem cortes, adotando uma forma mais tradicional - mas não menos eficaz - a partir de então.

Ludo era o mais animado de um grupo de amigos que sempre viajavam juntos nas férias. Por sinal, o acidente aconteceu pouco antes do início do verão, quando toda turma já estava pronta para colocar o pé na estrada. Eles visitam o amigo no hospital e, ao verificar que não tinham muito o que fazer, decidem manter os planos de viagem.

Max (François Cluzet) é um executivo bem sucedido que convida o resto do grupo para passar a temporada em sua casa no litoral da França. Marie (Marion Cotillard), Eric (Gilles Lellouche), Antoine (Laurent Lafitte) e o casal Vincent (Benoît Magimel) e Isabelle (Pascale Arbillot) integram a turma.

O título original, Les Petits mouchoirs, faz menção a pequenos lenços, mas na verdade está relacionado às coisas que cobrimos ou escondemos com tais objetos. E este é o tema do filme, que mostra como as férias dos personagens são afetadas pelo fato de que Ludo está simbolicamente sempre com eles, estando apenas coberto por um lenço. Mas o abandono do amigo não é a única coisa que eles escondem. Marie tenta disfarçar sua solidão com uma sucessão de "amantes de uma noite", enquanto que Vincent tenta esconder da família e dos amigos o fato de sentir atração por Max. Este, por sua vez, tenta disfarçar sua infelicidade ao expor para todos o tanto de dinheiro que possui.

Escrito e dirigido pelo talentoso Guillaume Canet, o longa é um drama sério que possui algumas pitadas de humor e muitas doses de nostalgia. Na verdade, o tema principal aqui é saudade, que pode ser de um amigo, de uma namorada ou de um estado de espírito. Trata-se de uma obra intensa e muito bem conduzida, contando com um belo trabalho de trilha sonora e direção de fotografia.

O grande trunfo de Até a Eternidade é seu ótimo elenco, com destaque para Cluzet e Cotillard. É curioso notar como Dujardin, vencedor do Oscar de Melhor Ator por O Artista, aqui é um mero coadjuvante. Por mais paradoxal que possa parecer, o elenco também se torna um problema na medida em que são vários os personagens, obrigando que a história seja alongada para dar um desfecho satisfatório a cada uma das tramas. O resultado disso é uma duração de duas horas e 34 minutos, que acaba pesando no espectador e prejudicando o ritmo da produção.

O cinéfilo, no entanto, não deve se deixar assustar pela duração. Trata-se de um drama muito bem construído e que tem tudo para agradar os fãs de um cinema mais sério, que não investe em gags só para fazer graça

Filme Até a Eternidade (Les Petits Mouchoirs, 2010)

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