Famílias abandonam casas à procura de emprego nas grandes cidades.
No estado, 130 municípios decretaram situação de emergência.
Em Pernambuco, a seca atinge mais de 1,2 milhão de pessoas. Cento e trinta municípios decretaram situação de emergência. Com a pouca perspectiva de chuva, muitas famílias abandonaram as casas à procura de trabalho nas grandes cidades.
A agricultura Zefinha Vieira da Silva ficou com os quatro filhos em um pequeno sítio em Paranatama, no Agreste de Pernambuco, enquanto o marido tenta ganhar a vida em São Paulo. É a ajuda que ele manda há quase um ano que garante a sobrevivência da família. “Ele trabalha numa chácara criando porco. Quando ele recebe lá, ele manda, 200, 150, 100 reais”, contou.
A casa em frente foi abandonada. No local vivia o irmão caçula de Jucivânio da Silva Ferreira, que não conseguia arrumar trabalho. “É difícil porque a pessoa nasceu e se criou aqui. A pessoa gosta do lugar, mas a seca está obrigando a pessoa a ir embora e tem que ir mesmo”, disse.
Casas vazias se multiplicam na área rural do município repetindo um drama antigo dos nordestinos expulsos do campo por causa da seca. O agricultor Edgard Aristides é o guardião da casa do filho e da nora, que ficou mobiliada à espera dos donos.
A decisão de deixar tudo para trás é muito difícil e só é registrada em casos extremos, típicos de secas históricas. O casal de agricultores que vivia nesta casa forrou os móveis com plástico e lençóis pra tentar proteger o pequeno patrimônio e foi arriscar a sorte em São Paulo, fugindo da seca e das adversidades.
José Genildo e a mulher Poliana estão em São Paulo há dois meses. Ela já arrumou um emprego em um mercadinho. Ele está fazendo bicos. “Cada um que vai embora é uma dor, é dureza, é sofrimento para os pais e para os filhos que vão também”, afirmou Aristides.
São dias difíceis, de muitas perdas na região e de uma fuga que não para de crescer. “Há décadas que a gente não vê uma situação dessa, o pessoal deixando suas propriedades para procurar emprego lá no sul do Brasil e a gente vê que a perspectiva de chuva está pouca. A gente está vendo mais acentuado agora esse êxodo rural hoje”, comentou Adelvanda de Almeida, secretária de Agricultura de Paranatama.
Em Águas Belas, numa vila de pescadores, aos poucos vão ficando só as mulheres e as crianças. O Rio Ipanema, onde as famílias encontravam fartura, agora está totalmente seco.
Na vila de pescadores e em muitos sítios do Nordeste, seca virou sinônimo de saudade. “Em setembro começou a ir embora. Foi Francival, meu filho, e José Girlânio, e Manoel Pereira da Silva, que é meu marido. Acostumada ter gente em casa, fica difícil”, disse a agricultora Maria Madalena Pereira.( FONTE: G1 PE)
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